Uma celebração de 30 anos de texto e cena
Com três espetáculos e uma conferência sobre sua trajetória na 50a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, Juarez Guimarães Dias consolida sua vocação de “artista-criador”

Ph: Josiano Melo
Release por Glenda Souza
Comemorando 30 anos de dedicação às artes cênicas em 2025, Juarez Guimarães Dias, dramaturgo e diretor teatral, também professor e pesquisador do Departamento de Comunicação Social da UFMG, consolida sua missão de “artista-criador” e vocação à cena cultural com mais de 30 trabalhos no currículo, ao longo de sua carreira, e três produções na 50ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de BH.
Natural da cidade de Conselheiro Lafaiete, (MG) e radicado em Belo Horizonte há 29 anos, o teatro entrou na vida do artista ainda na infância, e desde então, nunca mais parou. Tudo começou com brincadeiras de criança, com amigos vizinhos de bairro, reproduzindo cenas de programas de TV, como Os Trapalhões e A Praça é Nossa. A história começa na cidade natal, quando, aos 11 anos, apresentou uma peça escolar que lhe trouxe grande reconhecimento entre colegas, professores e diretores. Esse momento marcou o início de uma jornada de dedicação e paixão pelas artes cênicas. "Desde pequeno, eu desenhava, pintava e escrevia, mas foi no teatro que encontrei meu verdadeiro espaço", comenta Dias.
Aos 15 anos, Juarez Guimarães Dias ingressou em um curso livre de teatro, sob a orientação de Marco Antônio Cruz, a quem considera seu mestre. Nesse ambiente, fortaleceu ainda mais sua paixão pelo fazer teatral, onde logo depois migrou dos palcos para os bastidores, ganhando força como dramaturgo e diretor.
Em 1995, aos 17 anos, ainda no Colégio Nossa Senhora de Nazaré, dirigiu sua primeira peça, “Quem Casa Quer Casa”, um clássico do famoso dramaturgo brasileiro, Martins Pena, cujas peças teatrais apresentam humor, ironia e crítica de costumes.
Após mudar-se para Belo Horizonte para cursar Publicidade e Propaganda, na Fabi-BH, hoje Uni-BH, o “artista-criador”, ao lado de colegas da faculdade fundou o grupo Pannus Finis, unindo teatro à vivência acadêmica da Comunicação. “Aos poucos o caráter amador foi dando espaço ao profissionalismo. Desde então, sigo como dramaturgo e diretor, ou um escritor de cena, como prefiro dizer, com carreiras simultâneas na publicidade e docência universitária”, explica o diretor.
Juarez Guimarães Dias compartilha suas experiências e inspira novas gerações, mantendo viva sua crença no teatro como ferramenta de transformação social. Sua história é um testemunho da força da arte como meio de expressão e reinvenção, revelando um “artista-criador” que nunca deixou de buscar novos horizontes e contribuir para o fortalecimento da cultura.
Campanha de Popularização do Teatro e da Dança
A relação de Juarez Guimarães Dias com a Campanha de Popularização teve início com o espetáculo “Baile de Máscaras”, em 2000. Desde então, tornou-se um nome recorrente, contribuindo com diversas montagens no evento, como: “Atrás dos olhos das meninas sérias”, com a Cia. Pierrot Lunar; “Do tempo e da paixão - fragmentos descontínuos de Frida Kahlo”, com Gabriela Chiari e Zeca Santos, direção de Dayse Belico; “Sexo” com a Cia. Pierrot Lunar; “Acontecimento em Vila Feliz”, com a Cia. Pierrot Lunar; “#tudodenós” com o grupo Pierrot Teen da Cia. Pierrot Lunar; “Marilyn Monroe.doc”, com Thaís Coimbra e Ítalo Mendes; “EuCaio”, com Matheus Soriedem; “Freddie Rock Star - The show must go on!”, com Fábio Schmidt; “A Obscena Senhora H - Paixão e obra de Hilda Hilst”, com Luciana Veloso; “Xou do Xac”, com Gabriel Castro Cavalcanti e participação de Malía Galvão.
Celebrando 30 Anos de Carreira na Campanha 2025
Neste ano, Juarez Guimarães Dias celebra três décadas de dedicação ao teatro como dramaturgo e diretor teatral com três produções em cartaz. Em comum, os trabalhos partem de biografias e referências de personalidades reconhecidas na cultura e no entretenimento: a escritora brasileira Hilda Hilst; a atriz, cantora e modelo norte-americana Marilyn Monroe; e a apresentadora Xuxa Meneghel. “São trabalhos cuja proposição partiu das atrizes e atores criadores com quem somei nesse modo de construir espetáculos a partir de textos narrativos que batizei de 'Narrativas em cena', também objeto da conferência. Nesse sentido, somamos ao desejo do elenco um modo particular de conceber teatro”, conta Dias.

Luciana Veloso, Melhor Atriz no Prêmio Nacional Cenym 2020, reconta episódios biográficos da premiada escritora brasileira Hilda Hilst, durante a criação de um de seus mais aclamados livros “A Obscena Senhora D”. A escrita é atravessada por uma conturbada e violenta paixão pelo primo, Wilson Hilst, e marca uma relação mais profunda entre vida e obra da escritora, em que realidade e ficção se misturam num mesmo enredo.
Apresentações nos dias 31/01 a 02/02, sexta a domingo, às 19h, sala João Ceschiatti, no Palácio das Artes, e 13/02, quinta-feira, às 20h, sala Minas Tênis Clube, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.
Foto: Guto Muniz

O espetáculo apresenta sob a forma de teatro documentário a biografia de Norma Jeane Mortenson, jovem caipira, gaga e desengonçada que sonhava em ser atriz e que se transformou no maior mito da cultura pop mundial e principal sex symbol feminino, a atriz, cantora e modelo norte-americana Marilyn Monroe.
Com Thaís Coimbra e Ítalo Mendes, sessões nos dias 24 a 26/01, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, Teatro de Bolso do Sesc Palladium.
Foto: André Usagi

O palhaço Xac sonha em ter um programa de TV e manda uma carta para Xuxa pedindo apoio, mas não é sorteado. Porém, ele recebe a visita de Marlexa, sua Fada Madrixa, propondo-lhe desafios para realizar seu sonho. O público participa da criação ao vivo do “Xou do Xac”, com números musicais, apresentação convidada, brincadeiras, entrevista e até transformação! Pegue carona nessa nave e volte aos anos 80 com muito humor, diversão e glitter!
Com Gabriel Castro Cavalcante e participação de Malía Galvão, apresentações nos dias 13 a 15/02, quinta a sábado, às 20h, Funarte MG.
Foto: Clau Silva
“Narrativas em Cena: quando fazer e pensar o teatro se encontram e se tocam”
Celebrando 30 anos dedicados à dramaturgia e à direção de espetáculos cênicos, Juarez Guimarães Dias, também professor e pesquisador da Comunicação UFMG, oferece uma conferência-memorial a partir de sua trajetória artística e de pesquisa e das “narrativas em cena”, termo cunhado por ele para se referir a espetáculos que têm textos narrativos como matéria-prima da criação e que se articulam com dimensões performativas e autorais no trabalho com atores e atrizes. Após a conferência, haverá o relançamento e a distribuição gratuita do livro “Narrativas em cena: Aderbal Freire-Filho (Brasil) e João Brites (Portugal)” (Faperj/ Móbile Editorial) acompanhada de sessão de autógrafos do autor.
14/02, sexta, às 16h, entrada franca, na Funarte MG, dentro da programação dos Projetos Especiais da Campanha.
Uma trajetória de texto e cena
Juarez Guimarães Dias fundou e dirigiu os grupos “Pannus Finis” e a “Companhia de Outros Atores”. Trabalhou oito anos na “Cia. Pierrot Lunar”, com a pesquisa de narrativas em cena, abertura do Espaço Aberto Pierrot Lunar e criação de projetos, como Bazar de Histórias, Café com Cinema, grupo Pierrot Teen. Desde 2013, realiza parcerias independentes com atores, atrizes e performers, como Thaís Coimbra, Ítalo Mendes, Matheus Soriedem, Fábio Schmidt, Luciana Veloso, Gabriel Castro Cavalcante, entre outros.
Além de inúmeras Campanhas de Popularização do Teatro e da Dança, Juarez Guimarães Dias participou de eventos renomados, como do FIT-BH, com o espetáculo “Atrás dos olhos das meninas sérias”, também apresentado no Festival de Teatro de Teresina (PI), onde foi premiado; recebeu indicações e prêmios no Festival de Teatro de São Mateus (ES) com “A Possessa (A Empresa)”, de Hilda Hilst, que também ocorreu no Festival de Teatro de Americana (SP), entre outros, como a mostra Arte contra a barbárie, com a peça “A Paixão de Tito”, o Janela de Dramaturgia, com o texto de própria autoria “Rita Lee vem jantar”, e ainda dirigindo Wilma Henriques e Eliane Maris, em “Vendaval”, texto de Glauce Guima, irmã de Juarez, em parceria com Júnia Pereira; espetáculo “EuCaio” no Moteh - Mostra de Teatro e Direitos Humanos, entre outros eventos.
Trajetória Acadêmica
Juarez Guimarães Dias é Doutor em Artes Cênicas (Unirio), Mestre em Literatura (PUC Minas) e Bacharel em Publicidade e Propaganda (Uni-Bh). Professor e Pesquisador do Departamento de Comunicação Social, do Programa de Pós-graduação em Comunicação, e Co-coordenador do Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional, todos da UFMG.
Cronologia
1995 - Direção “Quem casa, quer casa” de Martins Pena - Colégio Nossa Senhora de Nazaré, Conselheiro Lafaiete (MG)
1996/ 1997 - Dramaturgia e direção de esquetes “O manco e a bêbada”, “A Revelação”, “O adultério da nossa desesperança”, “Água dura em pedra mole”, “Ladrão Mineiro”, “Cotidiano rosa-choque”, “Os irmãos”, “Ode ao burguês” (poema de Mário de Andrade), “A moça que bateu na mãe e virou cachorra” (cordel popular), “Uma consulta” (Arthur Azevedo) - Grupo Teatral Pannus Finis, Fafi-BH, Belo Horizonte (MG)
1998 - Dramaturgia e direção “Sonhos misteriosos” - Grupo Teatral Pannus Finis, Belo Horizonte (MG)
1999 - Dramaturgia e direção “A confissão de Leontina”, adaptação do conto de Lygia Fagundes Telles - Grupo Teatral Pannus Finis, Belo Horizonte (MG)
1999 - Direção “Paraísos Artificiais”, atuação e dramaturgia de Marco Antônio Cruz para textos de Charles Baudelaire - Artistas Independentes Produções, Conselheiro Lafaiete (MG)
2000 - Dramaturgia e direção “Baile de máscaras” - Grupo Teatral Pannus Finis, Belo Horizonte (MG)
2002 - Dramaturgia “O grande-pequeno Jozú”, adaptação do texto de Hilda Hilst, direção de Sávio William - Círculo de Atividades Integradas Hilda Hilst, Belo Horizonte (MG).
2003 - Direção “A Possessa (A Empresa)”, dramaturgia de Hilda Hilst - Cia. de Outros Atores, Belo Horizonte (MG)
2004 - Dramaturgia “Todo amor que houver nessa vida”, direção de Dayse Belico - Escola de Belas Artes UFMG, Belo Horizonte (MG)
2004 - Dramaturgia “Um canto para Pedro Nava”, direção de Sávio William - Cia. de Outros Atores, Belo Horizonte (MG)
2005 - Dramaturgia “Quem não matou Miriam Benson?”, direção de Dayse Belico - Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte (MG)
2006 - Dramaturgia e direção “Do desespero de contar uma história ou da arte de ser um unicórnio”, adaptação de “O unicórnio” de Hilda Hilst - MutAnti Companhia, Belo Horizonte (MG)
2007 - Direção “Atrás dos olhos das meninas sérias”, adaptação em parceria com os atores Neise Neves e Léo Quintão do romance “Falar” de Edmundo de Novaes Gomes - Cia. Pierrot Lunar, Belo Horizonte (MG)
2008 - Direção “À margem da vida” (Leitura dramática), dramaturgia de Tennessee Williams - Clube de Leitura, Belo Horizonte (MG)
2008 - Dramaturgia “Do tempo e da paixão - fragmentos descontínuos de Frida Kahlo”, direção de Dayse Belico - Cyntillante Produções, Belo Horizonte (MG)
2009 - Dramaturgia e Direção “Acontecimento em Vila Feliz” (cena curta), adaptação do conto de Aníbal Machado - Cia. Pierrot Lunar, Belo Horizonte (MG)
2009 - Dramaturgia “O levantado do chão”, adaptação do romance de José Saramago, direção de Cida Falabella - Usina de Artes João Donato - Rio Branco (AC)
2010 - Dramaturgia e direção “Sexo”, adaptação do romance de André Sant’Anna - Cia. Pierrot Lunar, Belo Horizonte (MG)
2011 - Dramaturgia “Acontecimento em Vila Feliz” (espetáculo), adaptação do conto de Aníbal Machado, direção geral de Léo Quintão - Cia. Pierrot Lunar, Belo Horizonte (MG)
2013 - Dramaturgia e direção, em parceria com Léo Quintão, “#tudodenós” - Pierrot Teen/ Cia. Pierrot Lunar, Belo Horizonte (MG)
2014 - Dramaturgia “Rita Lee Vem Jantar”, direção de Marina Viana/ Marina Arthuzzi - Janela da Dramaturgia, Belo Horizonte (MG)
2014 - Direção “Vendaval”, dramaturgia de Glauce Guima e Júnia Pereira, com Eliane Maris e Wilma Henriques - Janela de Dramaturgia, Belo Horizonte (MG)
2014 - Dramaturgia e direção, em parceria com Arnaldo Alvarenga e Gabriela Christófaro, “Valsas.. experimentos rodrigueanos”, solo de Laís Rivera - Escola de Belas Artes UFMG, Belo Horizonte (MG).
2014 - Dramaturgia e direção “Marilyn Monroe.doc” - Grupo Dois Palitos, Belo Horizonte (MG)
2015 - Dramaturgia e direção “EuCaio”, solo de Matheus Soriedem - Mutanti Pesquisa e Criação, Belo Horizonte (MG)
2016 - Dramaturgia e direção “Freddie Rock Star - The show must go on!”, solo de Fábio Schmidt - Braza Produções, Belo Horizonte (MG)
2018 - Dramaturgia e direção “A Obscena Senhora H - Paixão e obra de Hilda Hilst”, solo de Luciana Veloso - Círculo Hilda Hilst, Belo Horizonte (MG).
2020 - Dramaturgia e direção, em parceria com Denise Pedron, “Peça-jogo-festa #Criança”, com Gabriel Castro Cavalcante e Patrícia Diniz - Mutanti Lab de Criação, Belo Horizonte (MG)
2021 - Dramaturgia e Direção “Cabaré Bogus - Disk Live Show” (cena em processo) com Márcio Murari - Escola de Belas Artes UFMG, Belo Horizonte (MG)
2022 - Dramaturgia e direção “A Paixão de Tito”, solo de Gabriel Castro Cavalcante - Mutanti Lab de Criação, Belo Horizonte (MG)
2024 - Dramaturgia e direção “Xou do Xac”, solo de Gabriel Castro Cavalcante, participação de Malía Galvão - Mutanti Lab de Criação, Belo Horizonte (MG)
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